segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Tinha medo de escuro,
mas vovó me disse que enquanto
eu tiver energia, luz não vai faltar.
ufa!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008


Era doçura em carne e osso.
De unhas largas batucava na mesa até cansar.
Mas depois daquela noite ficou triste.
É que a gentileza saiu de moda mais rápido que sua camiseta.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Num domingo qualquer vou ser outro,
que é pra mostrar que posso variar.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Olívia


Olívia é a mais nova das quatro irmãs. Deita na cama como quem não quer nada, os pés se enroscam numa forma engraçada e permanece assim até o dia clarear.
Pensamento na mente, lápis nas mãos. Rabisca o que lhe vem à mente, sem critérios.
Cantarola alguns versos de sua música favorita; seria possível alguém nunca ter sonhado?
Menina dos olhos amendoados que vive sonhando em sonhar.

No campo

O que tínhamos era denso, louco, nosso. Não sei ao certo o dia em que passei a enxergá-la. Aquela menina dócil, de cabelos emaranhados, óculos de aro grosso, sempre carregando no pescoço um cordão com um pingente de laço dourado. Foi numa dessas tardes de verão no campo; o clima sereno, o vento abafado e a cabeça confusa. Ela passou como sempre, sentada em sua bicicleta esverdeada e enferrujada pelo passar dos anos.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Sonhar


(Madeleine Peyroux, J'ai deux amours)



sexta-feira, 14 de novembro de 2008

.


Antes de mais nada, tudo.

Michel Melamed

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Absurdos

De tempos em tempos me falava absurdos
Dizia que eu não era santo, que era tonto, que não tava pronto
E prendia a atenção por tanto grito
Enchia os olhos de lágrimas e me agarrava pra não soltar mais
Tudo ao mesmo tempo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Observe

Escher
Olhar atento.
Detalhes.

O beijo

(Gustav Klimt, art nouveau)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Fernando sabe o que fala...

É inútil dizer o que se pensa.
Se é frouxa a frase, é nada; e é vã se é intensa.
Cada um compreende só o que sente
E entre alma e alma a estupidez é imensa.

Fernando Pessoa

terça-feira, 14 de outubro de 2008

solar

De mãos enlaçadas
correm entre rosas amarelas
uma chuva de sol
uma tarde no campo dourado.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Nostalgia

O sol aparecia de mansinho à beira da janela dando o ar de sua graça aos que acordavam. Ao abrir os olhos via o teto alto, as paredes pintadas de um verde musgo aconchegante e a brisa soprando leve os cabelos emaranhados. Um beijo estalado nas bochechas simbolizava aquilo que conhecia como lar. A cada degrau que descia uma voz inesperada desvendava o novo membro que acabava de chegar.
Assim eram os domingos de primavera na casa vovó: conversas espalhafatosas, corridas de saco, suspiros deliciosos. A saudade aperta por conta do primo magrelo que não está mais presente; logo ele tão presente nos good old times. Casa grande, jardim florido, cheirinho de alecrim.

sábado, 27 de setembro de 2008

Prazeres

Pequena Aurora.
Tem medo de gatos e gosta de admirar sua imagem distorcida no espelho dourado da bisa. De noite, deitada na cama, observa a lâmpada no teto e torce para que ela acenda sozinha; não custa acreditar.

De seus passatempos preferidos o que mais aprecia é lembrar das lembranças.
Delicia-se também em sentir as pálpebras palpitarem involuntariamente, pisar em folhas secas do chão e observar a dança giratória das bailarinas de sua caixa de música. É obcecada por elefantes.

Quando me encontra, pergunta um bocado de coisas, dessas inconfessáveis. É a cara da mãe, tem a boca do pai; e acredita que não é nenhum dos dois?

Sofre a insustentável leveza do ser.